sábado, dezembro 30, 2006

Sem voz

Preciso de gritar ao mundo e não pensar nas consequências dos meus actos. Estou farta de ponderar, de esperar, de avaliar!... Quero gritar! (...)

sábado, dezembro 16, 2006

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Onze Minutos

"O desejo profundo, o desejo mais real é aquele de se aproximar de alguém. A partir daí, começam a ocorrer as reacções, o homem e a mulher entram em jogo, mas o que acontece antes - a atracção que os juntou - é impossível de explicar. É o desejo intocável, no seu estado puro.
Quando o desejo ainda está nesse estado puro, homem e mulher apaixonam-se pela vida, vivem cada momento com reverência, e conscientemente, sempre à espera do momento certo de celebrar a próxima benção.
Pessoas assim não têm pressa, não precipitam os acontecimentos com acções inconscientes. Elas sabem que o inevitável se manifestará, que o verdadeiro encontra sempre uma forma de se mostrar. Quando chega o momento, elas não hesitam, não perdem uma oportunidade, não deixam passar nenhum momento mágico, porque respeitam a importância de cada segundo."

Paulo Coelho

sábado, novembro 18, 2006

muito, meu amor

"És tão linda que nem dás vontade de foder, dizia. Eu não consigo. Dizia outras coisas, grande parte perde-se no ar, mas algumas, poucas, raras, ficam guardadas e voltam de vez em quando, nas alturas mais despropositadas, atrapalhando o que se está a fazer. És tão linda que nem te consigo foder. Eu, pelo menos, não consigo. A beleza não seduz, assusta quase, leva-nos para um sítio que não sabemos onde fica, sabemos só que não é aqui. Era assim que ele tentava explicar, como quem precisa de uma desculpa, o que lhe estava a acontecer, sabendo de antemão que não ia conseguir. Se há coisa que não se sabe explicar é por que se gosta do que quer que seja - um perfume, uma flor, um beijo - e o que seja isso de gostar que traz duas coisas tão próximas que as põe misturadas numa só e as outras tão distantes que se apagam facilmente. (...)"

"Todas as feridas serão material de poemas. Portanto não devem ser evitadas. De preferência mantê-las abertas, até por fim sararem. De outro modo não deixarão outra cicatriz que não seja umas linhas, uma página, no máximo. (...)"

Pedro Paixão

sábado, novembro 04, 2006

domingo, outubro 15, 2006

Is it?

Sometimes I think I already am who I want to be, but I just can´t notice it.

04.07.06

sábado, outubro 07, 2006

à espera não sei de que momento

A minha mãe costuma-me dizer: "Não te preocupes que a verdade vem sempre ao de cima." E eu penso que enquanto ela não vem, o sofrimento permanece. Dói saber que alguém anda enganado, principalmente quando somos nós, ou alguém que nos está, directamente, ligado.
11.09.06

Mudez

(...)
Mudo, mesmo se falo, e mudo ainda
Na voz dos outros, todo eu me afogo
Neste mar de silêncio, íntima noite
Sem madrugada.
(...)

Miguel Torga


[Post não relacionado com o dia de hoje. J
á há duas semanas que o pretendia escrever. (É necessário dizê-lo).]

sábado, setembro 23, 2006

(alguns) Mecanismos de defesa do ego

(de acordo com a teoria psicanalítica)



Mecanismos de defesa do ego: estratégias inconscientes que a pessoa usa para reduzir a tensão e a ansiedade, fruto dos conflitos entre o id, o ego e o superego. São mecanismos que visam evitar a angústia resultante dos conflitos intrapsíquicos.


  • Recalcamento - pelo recalcamento, o sujeito envia para o id as pulsões, desejos e sentimentos que não pode admitir no seu ego. Os conteúdos recalcados, apesar de inconscientes, continuam actuantes e tendem a reaparecer de forma disfarçada (sonhos, actos falhados, lapsos de linguagem...).
  • Regressão - pela regressão, o sujeito adopta modos de pensar, atitudes e comoprtamentos característicos de uma fase de desenvolvimento anterior. Frente a uma frustração ou incapacidade de resolver problemas, a criança ou adulto regridem, procurando a protecção de épocas passadas. Assim, o nascimento de uma irmão pode levar uma criança a fazer chichi na cama (eunerese) ou um adulto, face a problemas, pode fugir à realidade refugiando-se em atitudes infantis (dependência excessiva, choro, chantagem...).
  • Racionalização - pela racionalização ou intelectualização, o sujeito, ocultando a si próprio e aos outros as verdadeiras razões, justifica racionalmente o seu comportamento, retirando assim os aspectos emocionais de uma situação geradora de angústia e de stress. Deste modo, com justificações racionais tenta explicar-se de forma "aceitável" porque se bateu no irmão, se faltou ao exame médico, se mentiu ao marido ou à mulher, etc.
  • Projecção - pela projecção, o sujeito atribui aos outros (à sociedade, a pessoas, a objectos) desejos, ideias, características que não consegue admitir em si próprio. São reflexos desde processo, frases como Fulano detesta-me; aquele indivíduo não suporta críticas; a sociedade não tem ideais solidários; a boneca é má..., quando é a pessoa que as profere que tem esses sentimentos.
  • Deslocamento - pelo deslocamento, o sujeito transfere pulsões e emoções do seu objecto natural, mas "perigoso", para um objecto substitutivo, mudando assim o objecto que satisfaz a pulsão. Exemplos: o funcionário que sofre de conflitos no emprego e é agressivo ao chegar a casa; a criança que desloca a cólera sentida pelos pais para a boneca
  • Formação reactiva - pela formação reactiva ou inversão dos aspectos, o sujeito "resolve" o conflito entre os valores e as tendências consideradas inaceitáveis, apresentando comportamentos opostos às pulsões. Assim, uma pessoa pode ser demasiado amável e atenta com alguém que odeia; um sujeito afasta-se de quem gosta; manifesta uma excessiva caridade para esconder um sadismo latente; uma pessoa submissa e dócil pode esconder um dominador violento.
  • Sublimação - pela sublimação, o sujeito substitui o fim ou o objecto das pulsões de modo que estas se possam manisfestar em modalidades socialmente aceites. A eficácia do processo de sublimação implica que o objecto de substituição satisfaça o sujeito de forma real ou simbólica. Frequentemente, a sublimação faz-se através de psubstituições com valor moral e social elevado. Exemplos: um pirómano pode ingressar num corpo de bombeiros, modificando as suas relações com o fogo, agora utilizadas de forma socialmente reconhecida; o amor platónico pode esconder desejos considerados inaceitáveis pelo sujeito. A arte tem sido estudada como uma área que permite sublimações.
Fonte: Psicologia 12º ano (2ª parte), Manuela Monteiro e Milice Ribeiro dos Santos, Porto Editora (www.portoeditora.pt)


Decidi deixar-vos com este excerto, um pouco comprido, porque é realmente fascinante como podemos ver algumas pessoas aí retratadas.
E também para vos anunciar que entrei em Psicologia na Universidade do Minho e que estou muito contente com isso. Era o que eu queria e espero gostar muito do curso, apesar de já ter visto que tenho algumas cadeiras que não têm nada a ver com uma aluna que saiu de Humanidades (como é o caso de Fundamentos Matemáticos da Psicologia O.o).
Uma vez que esta semana, que começa já amanhã, é a semana de eu me mudar para Braga porque já começam as "actividades" e depois as aulas, penso que não vai haver possibilidade de eu actualizar o blog durante a semana, pelo que se o fizer, será exclusivamente ao fim-de-semana. Deixo, desde já, o meu aviso :)

P.S. Podem usar do vosso direito de não ler isto tudo! :p

segunda-feira, setembro 04, 2006

Desabafo "em cima do joelho"

És uma estúpida!


...

21.03.06

É triste aperceber-me que gosto de ti, verdadeiramente. É estranho dizê-lo. Mas gosto de ti, tanto quanto te odeio.



[Incapaz de dizer tudo o que sinto, fico-me pelas poucas palavras.]

sábado, setembro 02, 2006

Devaneios patetas

habituei-me ao cheiro da cebola nas mãos
já espremi limão entre os dedos e tentei eliminar o cheiro
confesso que não o fiz com muita convicção
de modo que o cheiro permaneceu
por isso habituei-me
julgo que até sinto um certo gozo em cheirar este aroma ácido
doentio? ridículo? não sei
julgo que a habituação nos leva a estas atitudes
habituação que poderá ter como sinónimos conformismo e preguiça
é isto que me move
ou melhor dizendo que não me move

01.09.06




[Não ia publicar esta patetice, mas como não havia nada mais que me incentivasse a uma actualização ao blog, cá ficou este pedaço de escrita, graças à insistência do colega blogger Rock rola em Barcelos que pergunta sempre por novidades :)
Em relação às actualizações ao blog, não sei se repararam que adicionei as "Leituras Recentes" (novamente). Estejam à vontade para comentar, tanto a patetice como o livro, se por acaso já o leram; eu vou a caminho de o finalizar (ainda falta...).]

sexta-feira, agosto 18, 2006

Manias (finalmente!)

Um convite recebido pelo estimado GatoPreto em Março e que só hoje consegui responder.

"Cada blogger nomeado tem de enumerar cinco manias suas, hábitos pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de tornar público o conhecimento dessas particularidades, terão de nomear cinco outros bloggers para participarem igualmente no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs, aviso do 'recrutamento'. Além disso cada participante deve reproduzir este 'regulamento' no seu blog."

1ª mania
Tenho a mania de trocar olhares com as pessoas que conduzem em vias rápidas e de sorrir às crianças que vão atrás.

2ª mania
Tenho a mania de pensar que as pessoas que conheço conspiram contra mim.

3ª mania
Tenho a mania que existem câmaras de vídeo por detrás dos espelhos de locais públicos (ex.: vestiários) ou salas com pessoas que observam as pessoas diante dos espelhos.

4ª mania
Tenho a mania de ler as últimas frases dos livros que começo a ler.

5ª mania
Tenho a mania de falar sozinha como se fosse com outrem e normalmente em inglês.



Muito bem, agora chegou a pior parte, principalmente porque a maior parte dos bloggers já deve ter respondido a este desafio, por esta altura. Enfim... vou tentar:

Hasta Siempre... por ti!
Sara Cohen

[Ambas ainda não responderam ao desafio (tanto quanto sei) : à primeira pela novidade, à segunda como incentivo ao seu regresso. Quanto aos outros 3 que faltam: não sei.]

sexta-feira, agosto 11, 2006

Tempo

Tudo o que existia no presente, deixará de o ser no futuro. Tudo porque o tempo transfigura. Somos esculturas do tempo. Somos a imagem viva do desgaste que o tempo inicia e prolonga. O que fomos não o somos. E o que somos não o seremos. Somos todos esculpidos da mesma matéria-prima. E essa matéria está sujeita à mudança, à vida, ao desgaste, à morte.

12 de Julho de 2006




[Inacabado? Talvez.]

quarta-feira, agosto 02, 2006

Não deixem morrer as palavras

- O Sr. já reparou bem num dicionário?... Num dicionário qualquer?... No de Morais, por exemplo... Ou no do povo... (Tanto faz!...) Já reparou?...
Eu esperei pela sequência do discurso. A aproveitar aquela mandriice tão boa de ter alguém a raciocinar por mim.
- Já reparou?... Pois a mim faz-me lembrar, sabe o quê?... Um jazigo de família. Ou melhor: um jazigo de nação. Uma espécie de mausoléu de papel, onde gerações de gatos-pingados empilharam séculos e séculos de palavras, alguma já definitivamente mortas, cobertas de bichos e de coroas saudosas... Outras vasquejaram nos últimos estremeções... E muitas, apenas em estado cataplético, à espera de um toque de dedos para regressarem à monotonia da vida diária... A este maldito bolor, onde ultilizamos ao todo quantas palavras vivas - diga-me lá quantas? Quinhentas? Mil?... Nem tantas, talvez!

Garanto-lhe que, em certos dias, quando subo o Chiado... ou entro num café da Baixa... e ouço essa gente parda a repisar, de manhã à noite, os mesmo termos... as eternas expressões... os substantivos inevitáveis... os adjectivos fatais... e o verbo ser, o verbo haver, e o verbo ter, e o verbo fazer... sabe o que me apetece?... Saltar para cima de uma mesa ou de um marco postal e gritar furioso aos homens: não deixem morrer as palavras, assassinos! Não deixem morrer as palavras!
Caía de bêbado, evidentemente. Mas pela boca roçava-lhe a alegria da volúpia de um sentimento fundo.
- E algumas são tão bonitas!... murmurava absorto. - Quando as vejo deitadinhas nas páginas dos dicionários, com mais de trezentos ou quinhentos anos, sabe do que me lembro sempre?... Daquela lenda das velhinhas milagrosas que, de ninguém as usar, o tempo tornou outra vez novas e virgens...
Deteve-me um momento a esquadrinhar na memória e por fim levantou um dedo de exclamação triunfante:
- Ardimento, por exemplo... Como é que os portugueses puderam esquecer-se desta palavra tão jovem, tão quente, tão expressiva e teimam em usar a infame «coragem» e o ignóbil «entusiasmo»?
E exemplificava:
- «Beija-a com ardimento...» E mais... muitas mais... Tantas que só por ablepsia... Olhe outra: ablepsia... E solerte! Agora já ninguém diz solerte! Porquê? «Fulano é solerte»? E ardiloso? E roaz?...
Para me eximir àquela autêntica inundação de palavras difíceis (e de gafanhotos) formulei com rapidez um plano de defesa que abrangia o seguinte desenvolvimento táctica: «concordar e retirar-me».
Mas o beberrolas, com a presença de um sorriso de lágrimas nos olhos, fincou-me as mãos no casaco, numa brandura de rogo:
- Antes de se ir embora quer fazer-me um favorzito, quer?... Só um favorzinho?... Faz?
Aquiesci.
- Então diga, em voz alta, só para eu ouvir, esta palavra tão bonita: protérvia... Diz?... Protérvia...
E, como eu me retraísse, intimou-me autoritário:
- Vá, diga: protérvia.
- Protérvia... - desembuchei, envergonhadíssimo como se pronunciasse uma obescinidade.
A boca do explicador de português babou-se de consolo admirativo pelas palavras esdrúxulas.
- Protérvia! [...] E impérvio? E estólido? Ouça: e se eu lhe chamasse estólido, gostava? Seu estólido!...
E riu, riu, riu, desdentadamente. [...]
Confesso que aproveitei a aberta do estólido e fugi.


José Gomes Ferreira, Gaveta de Nuvens

quarta-feira, julho 26, 2006

Soneto a Antero de Quental

Antero de Quental, o sonetista,
Obrigou-se às regras do soneto,
Compondo sempre e mais um quarteto
Tal filósofo e idealista

Que avança em busca da Razão,
Sobrepondo-se às dificuldades,
Confiando nas suas faculdades,
Intentando chegar à perfeição

Conseguindo por essa forma clássica,
Aliando inspiração fantástica
A um talento que lhe foi inato,

Disciplinar a personalidade
Que ficará na perpetuidade
Memorizada em cada soneto


Construído a 24.10.05, a 03.11.05 e a 08.11.05.


[Tentativa... Sugestão da professora de Português A que o corrigiu.

Muitas falhas na estrutura do soneto.
E a meu ver, pouco conteúdo.
Mas afinal de contas, foi o meu primeiro.]

terça-feira, junho 27, 2006

Descobertas

Descobri que já não receio escrever uma vírgula antes de um "e".
Descobri que nem sempre os advérbios de modo precisam estar entre vírgulas, nem o "portanto" ou o "enfim" ou o "então" ou o "até"...
Descobri que as pequenas frases podem ser simples, mas cheias de significado e importância.
Descobri que o mundo que uma palavra contém é muito maior do que eu possa imaginar.
Descobri que aprendi a desafiar o dicionário.
Descobri que o tempo de uma descoberta não se pode apressar.

Descobri que a cada momento me vou aventurando, sem saber.

A escrita não pode ser prisão.

"(...) só para dizer que escrevo com convicção. Não... Só para dizer que me liberto. Sim, é isso."

Não continua a ser este o objectivo?

sexta-feira, junho 16, 2006

21.12.05

Julgo que é receio o que sinto pela escrita. Receio de falhar. Receio de já não saber. Receio de desgostar. O desejo de melhorar assola-me demasiado o espírito e, por isso, receio tentar.
Escrever bem. O que é isso? Saber usar correctamente as regras gramaticais? Escolher cuidadosamente as palavras a usar? Escrever bonito? Qualquer um que saiba bem o português, que domine os dicionários e as gramáticas sabe escrever bem.
Julgo que é nesse escrever que me tenho concentrado. Escrever textos bonitos que deliciem o leitor; histórias que chamem, que apaixonem; palavras que brilhem aos olhos do leitor. Para quê o brilho quando não há chama? Para quê um reflexo quando não há uma imagem?
E cansa-me esta escrita. Talvez, porque não a sei. É bom imaginar: vaguear no pensamento e inventar cenários, personagens, situações e relações. É bom e eu gosto, e gosto muito. Mas ainda só sei imaginar e sou incapaz de palavrar as muitas ideias que crio. E é isso que cansa, a tentativa frustrada e falhada e não saber sequer palavrar esse cansaço.

domingo, junho 11, 2006

Conclusão I

Ando a nadar contra a maré, mas para onde a maré vai há uma parede que me barra o caminho.
(25.05.06)
...

Só me resta morrer.

sexta-feira, maio 05, 2006

Teatro

Regressei. Não definitivamente porque ainda não tenho internet em casa, pelo que, neste momento, me encontro na biblioteca da escola. Fiquei tocada pelos vossos comentários. São todos muito queridos e é bom saber que apesar da pasmaceira deste blog continuam a visitar-me. E, por isso, vos agradeço.

Este é o único texto completo que escrevi nos últimos meses e que é mais que um aglomerado de frases. É um texto que nasceu da vontade de cumprir um pedido da professora da aula de Oficina de Expressão Dramática que nos convidou a encarnar uma personalidade conhecida e a escrever por ela uma definição de teatro e, afinal, serviu também de pretexto para me lançar nas malhas da escrita, novamente.





Uma cidade de um país de um continente, do dia X do mês Y do ano Z

Queridos irmãos galácticos!

Durante e após 13 anos de infiltração neste vosso planeta Terra percebi e conclui, com certeza, que o teatro é um método importantíssimo no processo de socialização entre vós.
Como seres sociais que sois, demonstrais uma grande necessidade de vos integrardes em grupos e de não vos sentirdes excluídos, pelo que fazeis uso de várias artimanhas, de modo a serdes bem sucedidos nesse vosso propósito. Por isso, representais. Representais das mais variadas formas sem nunca perderdes, no entanto, a identidade que vos torna diferentes e únicos. Encarnais as mais variadas personagens e o que me causa maior espanto é nem vos aperceberdes que o fazeis. Por isso, sois o filho ou a filha quando estais com os pais, sois o trabalhador ou o aluno para os colegas e o trabalhador ou o aluno para o patrão ou para o professor, sois alguém em grupo, sois alguém em privado com outra pessoa e sois ainda outra pessoa quando estais sozinhos.
Como vedes, sem o teatro a vossa vida perderia o significado, vós perderíeis a vossa identidade e perderíeis a noção dos outros e do vosso papel para com os outros. Como vedes, o teatro não é a mentira, é a capacidade de poderdes ser outros, é a capacidade de vos camuflardes a vosso bel-prazer sem , no entanto, deixardes de ser quem sois, ainda que não saibais quem verdadeiramente sois. Podeis dizer que as personagens que representais escondem o vosso verdadeiro "eu", mas também podeis dizer que as personagens que representais constroem o vosso verdadeiro "eu"e fazem de vós o que verdadeiramente sois: actores do mais íntimo da vida que existe em vós.


Respeitosamente,
o Extra-Terrestre





28 de Abril de 2006