sexta-feira, setembro 28, 2007

Não muito distante

Eu queria mais alegria,
isso é que eu queria,
alegria a correr todo o ano
era só isso que eu queria, mais alegria,
mas não foi, não foi bem, o meu caso

É que eu também já sabia,
eu já sabia,
já sabia qual era o engano
é que eu não tive o que eu queria, quando podia,
e depois, mais alguém, nunca mais

Disse-me um dia, não muito distante
Volta num dia, não muito distante
Quem sentiu o que eu sentia, quando partia,
e partia levando o encanto

Fica a saber que eu choro, por tanta alegria
como eu sei, sei tão bem, e não tive
Disse-me um dia, não muito distante
Volta num dia, não muito distante
e eu disse um dia, não muito distante
Disse-lhe um dia, não muito distante

Madredeus


segunda-feira, setembro 17, 2007

Conclusões tão conclusivas

E ela disse:
- Uma merda, portanto. E a merda só serve para adubar. Tal como as cinzas. Faça-se de mim cinzas, então, para que eu tenha um papel a desempenhar no mundo.

sábado, setembro 15, 2007

Atracção

Foi a sair da sala, pela manhã, que ela te viu pela primeira vez nesse dia. Não o queria admitir, mas sentiu saudades da tua figura no fim-de-semana.
E ali estavas tu, sozinho, encostado à parede a olhar em redor alheadamente para todos os que passavam. O coração dela disparou ao ver-te e sentiu o rubor crescer nas suas faces. Disfarçava, porém. Ou tentava disfarçar. O calor que crescia no seu corpo e a ansiedade que turvava o pensamento eram difíceis de disfarçar.
Passou por ti e tentou exprimir um “olá” imparcial, vulgar. Mas os teus olhos grandes e expressivos a olharem para ela confundiram-na e o seu calor corporal, quase vergonhoso, intensificou-se ainda mais. A tua presença perturbava-a. Ela sabia-o e era impossível negá-lo.
Continuou o seu percurso e fingiu não te ver mais. Afinal, iria estar ocupada. A aula que se seguiria, pouco tardava a começar. Além do mais, estavam imensas pessoas no corredor e ela não se ia entregar à triste figura de furar os espaços livres com o olhar só para te avistar. Contudo, em alguns momentos, não resistia e saciava a sua sede de te observar. Mas rápido desviava o olhar e distraia-se a conversar com outras pessoas.

Esta atracção irresistível por ti tornava-se insuportável. Não queria sentir esta força incontrolável, mas não conseguia resistir-lhe, guiada pelo desejo de te ter, ainda que com o olhar, apenas.

09.10.06

quarta-feira, setembro 12, 2007

Livre do passado

- Aprende-se a esquecer?
- Não se trata de esquecer. O que importa é aprender a lembrar e, ao mesmo tempo, estar livre do passado. É importante aprender a forma de estar ali, com o morto, e ao mesmo tempo estar aqui, neste lugar, com os vivos.
Lançou-lhe um sorrisinho triste e acrescentou:
- Não é fácil.

Aldous Huxley, in A Ilha

terça-feira, setembro 11, 2007

Only

I'm becoming less defined as days go by
Fading away
Well you might say
I'm losing focus
Kind drifting into the abstract in terms of how I see myself

Sometimes I think I can see right through myself
Sometimes I think I can see right through myself
Sometimes I think I can see right through myself

Less concerned about fitting into the world
Your world that is
Because it doesn't really matter
(no it doesn't really matter anymore)
None of this really matters anymore

Yes I'm alone but then again I always was
As far back as I can tell
I think maybe it's because
you never were really real to begin with
I just made you up to hurt myself
And it worked.
Yes it did!

[Chorus]
There is no you
There is only me
There is no you
There is only me
There is no fucking you
There is only me
There is no fucking you
There is only me

Only, Only, Only

The tiniest little dot caught my eye
and it turned out to be scab and I had this funny feeling
Like I just knew it was something bad
I just couldn't leave it alone, picking at that scab
Was a doorway trying to seal itself shut
But I climbed through

Now I am somewhere I am not supposed to be,
and I can see things I knew I really Shouldn't see
And now I know why (yea now I know why)
Things aren't as pretty
On the inside

Nine Inch Nails

segunda-feira, setembro 10, 2007

sábado, setembro 08, 2007

sexta-feira, setembro 07, 2007

Heart's Dialogues

She: The more I learn to care for you the more we drift apart. Why can't I free your doubtful mind and melt your cold cold heart?

He: Don't you cry when we're through. I got a cold cold heart, I do.

She: You look so fine, I want to break your heart and give you mine. You're taking me over.

He: Growing hold, faking new, something borrowed and then again something blue. My cold heart can't go wrong and it gets me around in bounds along.

She: It's so insane! You've got me tethered and chained. I hear your name and I'm falling over.

He: Can't define what is love. Should I then pray out to the one above?

She: You come on like a drug, I just can't get enough. I'm like an addict coming at you for a little more and there's so much at stake, I can't afford to waste.

He: I don't have that stuff you need, but I can get down on my knees. I'll ease your pain, your appetite, for today it's ok, it's alright. It's alright as long as I don't have to stay, my cold heart can't take it any other way.

She: I don't care. I want you to stay and hold me and tell me you'll be here to love me today.

He: "Long before I knew you there was someone who cared that warned my heart and made it part so high above the land."

She: A memory from your lonesome past keeps us so far apart. Why can't I free your doubtful mind and melt your cold cold heart?

He: Out of luck, knock on wood and I just left you because I could. My cold heart, who could tell? That all this silence would burn and turn to hell.

She: I used to adore you, I couldn't control you. There was nothing I wouldn't do to keep myself around and close to you.

He: I know what you're going through. I feel like I already know you. Why don't you come here near the light? It's ok. It's ok. It's ok. It's ok. It's alright.

She: You hold my hand, but do you really need me?

He: I don't have that stuff you need.

She: I'm just sitting here waiting for you to come on home and turn me on.

He: But I can get down on my knees. I'll ease your pain, your appetite, for today it's ok, it's alright.

She: Bend me, break me, any way you need me. All I want is you. Bend me, break me, breaking down is easy. All I want is you.

He: It's alright as long as I don't have to stay. My cold heart can't take it any other way.

She: Please me, tease me, go ahead and leave me.

He: It's alright as long as ice can't turn to stone, I won't be alone.

She:
That sinking feeling when you are leaving, all I believe in walks out my door.


He: Don't you cry when we're through, I've got this cold heart because, because I do.

She: Do what you want to do, just pretend happy end. Let me know, let it show. Ending with letting go, let's pretend happy end.



[As letras de "He" são da música Cold Heart de David Fonseca e as de "She" são das músicas Cold Cold Heart, Be Here To Love Me, Thinking About You e Turn Me On de Norah Jones e das músicas Temptation Waits, Special, I Think I'm Paranoid, Wicked Ways e You Look So Fine de Garbage.]

terça-feira, setembro 04, 2007

Wondering

I try.
Do I?
Probably not.
But I want to!
Really?
I'm not sure.

"I just can't lay down and die"

segunda-feira, setembro 03, 2007

Não há regras no sexo

No sexo não há regras. A educação não nos ensina o sexo. O sexo não pode ser ensinado. Não nos dizem quais as posições, os actos e as expressões proibidas no sexo. Não nos é dito como nos devemos comportar no sexo. E por isso no sexo as pessoas revelam-se.
Perde-se o constrangimento, a vergonha, ganha-se a coragem, a ousadia. No sexo somos outros e permitimos a expressão do nosso ser primitivo. O animal que é em nós revela-se, na excitação, nos movimentos, no transpirar, nos gemidos,... Um outro em nós. Um outro de nós. Nós. Somos na cama os selvagens que não conseguimos ser na rua. E por isso mesmo o prazer é tanto. E por isso o sexo é libertação.

5 de Julho de 2007

domingo, setembro 02, 2007

Pormenores

Quando nos habituamos ao torpor da melancolia conseguimos distinguir os diferentes graus em que ela surge, e só esse conhecimento é suficiente para esboçar um sorriso. Há uma relação muito próxima entre mim e a minha melancolia, por isso alegro-me quando a sei reconhecer. A minha melancolia é fiel. Sei que posso sempre contar com ela, mesmo quando parece não estar presente.