Julguei-te
E perdi-me
Na imensidão do teu olhar
Calei-te
E sofri
Com o teu silêncio prolongado
Engasguei-me
Comi palavras
E esqueci outras
Rodei
Sem preocupação
Insultei
Gritei
Desmedidamente
E fugi
Em mim
De mim
Tudo era eu
Não gostei
Mas fiz
Detestei
Mas repeti
E não te ouvi
E calei-te
E ousei julgar
Acusei-te
E não aceitei
As tuas palavras
Porque eram soltas
Porque magoavam
Esqueci
Beijei
E passei
Mas repeti...
Desculpa
É repetido
É cansativo
Mas a rua
O contacto
Tudo me droga lá fora
sábado, março 26, 2005
Poetismo
Uma ideia que tive há pouco tempo levou-me à criação deste Blog. Poetismo... apenas isso, poesia e poetas; foi com esse fim que considerei criar outro Blog. Com a minha participação, de Lana, de O Empalador e de Perséfone, esperamos poder partilhar convosco, leitores de Blogs, a delícia que é a leitura da poesia que, na minha opinião, guarda consigo uma beleza própria. Espero que visitem e apreciem :)
sexta-feira, março 25, 2005
Noite de Luxúria
Hoje quero beijos!
Dói-me a garganta
Mas berro.
A água secou
E o sorriso abriu.
As portas abertas
Deixam a luz entrar.
Já me vês?
Sim!
Sim, sim, sim...
Estou aqui!
Berro, berro e berro.
De veste branca,
Transparente e suave
Me apresento a ti.
Eu sempre danço!
Vês-me? É só para ti!
Beija-me!
Agarra-me!
Leva-me!
Estou aqui!
Para ti!
Para ti!
Quero tanto,
Mas tanto
Sentir as tuas mãos.
Percorre-me...
Vá! Eu já deixo...
Sou para ti...
Só por hoje
Porque é noite de luxúria....
Dói-me a garganta
Mas berro.
A água secou
E o sorriso abriu.
As portas abertas
Deixam a luz entrar.
Já me vês?
Sim!
Sim, sim, sim...
Estou aqui!
Berro, berro e berro.
De veste branca,
Transparente e suave
Me apresento a ti.
Eu sempre danço!
Vês-me? É só para ti!
Beija-me!
Agarra-me!
Leva-me!
Estou aqui!
Para ti!
Para ti!
Quero tanto,
Mas tanto
Sentir as tuas mãos.
Percorre-me...
Vá! Eu já deixo...
Sou para ti...
Só por hoje
Porque é noite de luxúria....
segunda-feira, março 21, 2005
Só de emoção
Diz que me amas!
Não é bem isso que quero ouvir
Mas diz que gostas de mim!
Diz-lo com convicção
Diz-lo para eu acreditar
Diz-lo vezes sem conta
De maneiras diferentes
Faz-me crer que tu
Tu me amas
Não é amar
É gostar
Mas diz-mo!
Queria tanto ouvi-lo...
Não! Quero!
Agora, neste instante!
E é neste instante
Em que não estás
E é neste instante
Que preciso
E preciso tanto...
Mas são das palavras
Dessas letras coladas
Que tanto preciso?
Não sei...
Quero uma palavra
Que me beije
Beija-me!
Com ardor, paixão
Esquece o amor!
Não existe....
Ama-me de paixão
E esquece o sentimento
Ama-me só de emoção
E mais não peço
E mais nem sequer quero
Ama-me de emoção
E esquece o sentimento!
Não é bem isso que quero ouvir
Mas diz que gostas de mim!
Diz-lo com convicção
Diz-lo para eu acreditar
Diz-lo vezes sem conta
De maneiras diferentes
Faz-me crer que tu
Tu me amas
Não é amar
É gostar
Mas diz-mo!
Queria tanto ouvi-lo...
Não! Quero!
Agora, neste instante!
E é neste instante
Em que não estás
E é neste instante
Que preciso
E preciso tanto...
Mas são das palavras
Dessas letras coladas
Que tanto preciso?
Não sei...
Quero uma palavra
Que me beije
Beija-me!
Com ardor, paixão
Esquece o amor!
Não existe....
Ama-me de paixão
E esquece o sentimento
Ama-me só de emoção
E mais não peço
E mais nem sequer quero
Ama-me de emoção
E esquece o sentimento!
segunda-feira, março 14, 2005
Ego
Sabes quantas vezes quis chorar sem razão nenhuma? Quantas vezes tu não possas imaginar. Sabes que de todas essas vezes prendi o choro? E sabes porquê? Porque me senti ridícula por não ter razão. Porque sem motivo fico perdida, sem referências... Porque sem motivo o importante desaparece. Porque o motivo me faz pensar, indagar, sentir, acreditar. Porque tudo que possas imaginar para mim tem que ter razão ou deixo-o de parte na caixa onde vês "Por definir". E sabes que o pensar me causa dores de cabeça? Por isso me vês de mãos escondidas nos cabelos a tapar a cara e de olhos direccionados para o chão. E por isso me vês, por vezes, cerrar os lábios para não dizer o que penso. Mas tu sabes que o digo, não sabes? Claro que sim. Tu recriminas-me por isso. Não sei coser a boca e digo o que penso pelas palavras que não são doces de ouvir e digo-o duma forma bruta e arrogante. E sabes porquê? É simples de explicar, chama-se orgulho. Aquele sentimento do qual o ego se alimenta tão intensamente. O ego... esse bicho roedor do nosso coração que nos tenta sempre colocar num pedestal. Atencioso ele, não? Claro que não! Destrói-nos! Rasga-nos fazendo-nos acreditar que nos preenche. Traiçoeiro, isso sim! É esse mesmo ego que não me deixa chorar sem razão. Que me impede de deixar escorrer as mágoas do meu coração. É esse mesmo ego que se apresenta a ti e a todos. É ele que recriminas. Mas é a mim também, não é? Claro que sim. Eu deixo o meu ego tomar conta de mim, duma tal maneira que tudo o que uma vez vi junto de mim se vai afastando... Lá longe vejos os reflexos. Lá longe ouço as vozes distorcidas. Mas já nada entra aqui. A crosta formou-se forte e não parece mostrar fraquezas por onde um sopro, um suspiro doce possa espreitar e rachá-la.
A criança que fui chora na estrada...
A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E ao ver-me, tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.
Fernando Pessoa
[A lágrima quase espreitou mal li a primeira quadra. Adoro este poema! Diz-me tanto...]
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E ao ver-me, tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.
Fernando Pessoa
[A lágrima quase espreitou mal li a primeira quadra. Adoro este poema! Diz-me tanto...]
domingo, março 13, 2005
Frase apropriada
"A minha vida não tem nexo
Dar-lhe um rumo é dar-lhe um fim."
Ornatos Violeta - Débil Mental
Dar-lhe um rumo é dar-lhe um fim."
Ornatos Violeta - Débil Mental
quarta-feira, março 02, 2005
Selvagismo do ser
Sou selvagem do meu mais profundo ser
A primitividade habita em mim
Sorrateira, duma estranha inteligência,
Como um pequeno engenho programado
Ao mínimo ruído mal captado desperta
Soltando ondas de calor e agitação
Percorrendo o caminho que se lhe depara
Até encontrar um meio de fuga
Escapando de uma matéria densa
Lança-se numa forte brusquidão
Como se de um sufoco apertado
Se tentasse libertar
Contorce-se e vocifera
Como se de mão atadas se encontrasse
Impossiblitada de atingir por actos
Necessitada de praguejar e gritar
Os olhos espelham cólera
E os lábios são mordidos
Por uma irritação profunda
Pela incapacidade de atingir
Mas eis que a fúria se acalma...
De imediato, toma conhecimento
Que as suas palavras foram fortes
Para atingirem e criarem danos
Em todo o seu maldito redor
Apercebe-se dos efeitos causados
E delicia-se com o caos provocado
Ri silenciosa e maliciosamente
E goza, agora, baixinho...
Satisfez os seus caprichos
Mesquinhos e maldosos
Fica completamente saciada
E não oferece resistência
Deixa-se engolir pela carne
De encontro ao seu antro
Pronta para hibernar levemente
Atenta a outra faísca atraente
“Deixo-te a ti as questões,
oh corpo inútil!”
Resmunga ela
Enquanto mergulha...
A primitividade habita em mim
Sorrateira, duma estranha inteligência,
Como um pequeno engenho programado
Ao mínimo ruído mal captado desperta
Soltando ondas de calor e agitação
Percorrendo o caminho que se lhe depara
Até encontrar um meio de fuga
Escapando de uma matéria densa
Lança-se numa forte brusquidão
Como se de um sufoco apertado
Se tentasse libertar
Contorce-se e vocifera
Como se de mão atadas se encontrasse
Impossiblitada de atingir por actos
Necessitada de praguejar e gritar
Os olhos espelham cólera
E os lábios são mordidos
Por uma irritação profunda
Pela incapacidade de atingir
Mas eis que a fúria se acalma...
De imediato, toma conhecimento
Que as suas palavras foram fortes
Para atingirem e criarem danos
Em todo o seu maldito redor
Apercebe-se dos efeitos causados
E delicia-se com o caos provocado
Ri silenciosa e maliciosamente
E goza, agora, baixinho...
Satisfez os seus caprichos
Mesquinhos e maldosos
Fica completamente saciada
E não oferece resistência
Deixa-se engolir pela carne
De encontro ao seu antro
Pronta para hibernar levemente
Atenta a outra faísca atraente
“Deixo-te a ti as questões,
oh corpo inútil!”
Resmunga ela
Enquanto mergulha...
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