Hoje escrevo como quem realiza movimentos reflexos. Hoje não sei para quem escrevo, que há sempre alguém mesmo que não o saiba. Torno a escrever sem pensar. Sem planear, sem preparação, pressiono os meus dedos nas teclas (que já não posso dizer que pego na caneta porque não a há) e deixo que as palavras se formem à frente dos meus olhos. É belo, sabes? Falo contigo que talvez saiba quem és. Falo contigo porque afinal sei que me sabes. E falo contigo porque preciso mesmo muito de falar contigo. De extrair estas sensações por forma de desenhos em letras e dizer-te o que sinto cá dentro que varia como a noite e o dia. Por isso não me leves demasiado a sério, principalmente quando escrevo como quem realiza movimentos reflexos. Sabes que sou uma pessoa que se arrepende com facilidade. Tu conheces-me um pouco, sabes que isso é característico em mim por causa disso que tu sabes que eu não tenho muito, essa coisa que há quem chame de auto-estima. Mas a verdade é que se por vezes consigo afirmar isso como uma verdade muito certa para mim, no momento em que o faço duvido de toda essa certeza. Não sei como me sinto a maior parte das vezes e no entanto gabo-me de conseguir escrever sentimentos, emoções seja. Hoje escrevo como quem lê um texto sem perceber o que leu e isto é tão ridículo que não consigo impedi-lo de tão ridículo que é. Que por ser tão ridículo sinto-me liberta e sinto que preciso desta estupidez toda. Não será bem estupidez, porque o ridículo e o estúpido não são bem a mesma coisa. De qualquer das formas isto não interessa, se é que interessa alguma das coisas que escrevo. Escrevo simplesmente porque a música que ouço me inspira para isso. E a inspiração não tem propriamente de criar bons textos, escrita bonita, leitura aprazível, sabes? A inspiração tem de criar bem-estar e neste momento doem-me as bochechas do sorriso que carrego nos lábios há tanto tempo. (acho que é uma óptima frase para terminar este texto.)
domingo, julho 06, 2008
16 Nov. 2007
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3 comentários:
Um dia vou escrever como tu.
Vais ver.
Muito bonito :)
Interessante ponto de vista:
[...] a inspiração não tem propriamente de criar bons textos, escrita bonita, leitura aprazível, sabes? A inspiração tem de criar bem-estar [...]
Não sei se concordo, mas achei muito interessante.
Bejinhos!
O bem-estar a que te referes é um que é sentido pel@ escritor@.
Ora bem, na minha opinião, do ponto de vista do escritor que escreve especificamente para outros lerem, e que tem alguma responsabilidade perante esses, ou mesmo do ponto de vista do profissional, o resultado final deve ser bom. Literariamente falando. Nem que pra isso sejam precisas grandes doses de transpiração e auto-tortura. Acho que não são muitos os que conseguem escrever bem sem esforço, mesmo quando inspirados.
Por outro lado, quem escreve (como eu, por vezes), por prazer, pode disfrutar do processo com muito mais à-vontade. Aí, sim.
Mas - e termino com este mas - há, por vezes, uma linha ténue entre estas duas modalidades.
Beijinhos!
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