A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E ao ver-me, tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim.
Fernando Pessoa
[A lágrima quase espreitou mal li a primeira quadra. Adoro este poema! Diz-me tanto...]
3 comentários:
a mim tb :|
adoro-o...o poema e o autor...enfim..tu sabes...
adorei o poema ... muito bom gosto.. e o autor... é xelente! (na minha opnião)
estou a ler o blog ao contrário, e este não consegui passar ao lado sem comentar... tens razão.. só a primeira quadra diz tudo... infelizmente diz-me tudo... =/
...
escreves mesmo bem... parabens! identifico-me com algumas coisas que escreveste.. axo que mesmo quem não se identifica, ao ler o que escreves, conseguiria sentir (ou pelo menos compreender) o que sentes (... como te sentes).. os teus textos transmitem tanto.. serio! parabens**
Sandrinha, uma vez que, parece que não tens Blog e eu não posso passar por lá, agradeço-te aqui (não sei se irás ver) o facto de teres passado por cá e teres deixado algumas palavras que aproveito para dizer, muito animadoras. Ainda bem que te pudeste identificar com algumas coisas que escrevo e é isso mesmo que espero: transmitir algo aos outros. Pelo menos tento...
Uma vez mais, obrigada pelo teu comentário :)
Beijo*
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