quinta-feira, fevereiro 24, 2005
Afastamento
Já não sabes disfarçar que a minha presença te incomoda, que a minha imagem fere os teus olhos. Já não sabes disfarçar... Eu vejo na tua cara o desgosto quando me aproximo, as tuas expressões e os teus olhares confirmam os receios que sempre tive. Os receios que nunca me abandonaram porque me sentia insegura face ao que se passava. Foi tudo tão rápido e tão intenso que nunca julguei que durasse por muito tempo. Tudo o que nos era comum parecia ilusão; todos os olhares amáveis que substituiam as palavras, todos os sons desencadeados que formavam conversas... Nesse espaço de tempo senti-me intimimamente ligada a ti, julguei ter encontrado alguém com quem um simples gesto bastava, alguém com os mesmos gostos e ideias, com as mesmas paixões e com necessidades semelhantes... Mas o tempo passou... e os meus receios realizaram-se, os meus receios realizaram-se! Naquela alegria, tantas vezes eufórica, senti-me bem, compreendida e arrisco-me a dizer amada, mas o mundo fora desse circuito continuava e tu e eu viviamos nele, mas nele eu não quis continuar... sentia-me receosa de continuar num mundo com o qual nunca me identifiquei tanto como contigo. Mas tu tinhas uma vida nesse mundo e, muitas vezes, tentei seguir-te, caminhar contigo, integrar-me, mas sempre me senti uma intrusa, uma desconhecida... Era o teu mundo não o meu, um mundo há muito construido por ti e no qual nunca tinha existido. Era tão difícil sentir-me parte dele. Até que cometi um erro. Quando me tentei ligar a outra pessoa, quando julguei que o tempo nos ajuda a gostar, mas afinal... Esse tempo causou problemas e, penso que foi nessa altura que tudo se quebrou. Quando senti vergonha de falar com um olhar, quando já pouco me contavas, quando te senti a afastar. Foi apenas nessa altura que me senti cansada de variar o meu humor pelos teus, foi aí que senti que tu para mim agias de outra forma. Senti-me triste... os meus receios apoderavam-se, agora, de mim com uma força extraordinária. As minhas emoções para contigo começaram a variar a um ritmo muito acelerado e, então, calei-me e afastei-me. Esperei, sinceramente, que sentisses a minha falta e viesses ter comigo e esse foi outro dos meus erros. Não tinha o direito de esperar tal coisa. Mas eu quis apenas uma prova... E, assim de repente, tudo o que se tinha passado entre nós pareceu-me um sonho muito longínquo. A nossa ligação quebrou-se como um vidro... rachou, aos poucos foram caindo pedaços, com o tempo foram calcados e agora já não são se vêem... estão enterrados no chão. Tento passar por cima e esquecer porque sei que nada jamais será igual... a mágoa profunda não deixa. Mas é tão difícil fazer de conta que nada se passou! É difícil tentar esquecer a única pessoa com quem mais me identifiquei. Por isso, espero tanto poder sair daqui e ir para um sítio longe onde as recordações não me visitem, onde tudo seja novo e onde possa começar, uma vez mais, do zero. É errado... mas o passado jamais tornará a ser presente e o futuro que se aproxima não traz a estrutura desse período que tanto amei. E deambulo, agora, por aqui e por ali esperando...
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3 comentários:
é triste...mas é mm assim...o tempo passa e com ele arrasta o k a ele pertence...
****
hmm o texto esta muito bem escrito ao le-lo quase que se sente a magoa, a tristeza nele descrito
beijos :) **
Faço minhas as palavras dos comentários anteriores. E não é só uma deixa para agradecer os elogios exagerados que deixaste no meu blog. É também para te pedir que não páres de escrever no teu blog. Lê-lo é um prazer. Já é a primeira coisa que faço quando venho à net...
Obrigado!
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