Hoje vou tentar escrever algo feliz
Algo com um sabor doce e uma cor alegre
Deixo para trás, por hoje, o preto e branco
Deixo para trás lamúrios, choros e gritos
Esboço um sorriso para que seja mais fácil
Respiro fundo para sentir o que me rodeia
Fecho os olhos e inclino a cabeça para trás
Tento relaxar deste stress diário fatigante
Agora estou pronta para começar a escrita
Mas não sei o que sinto nem o que penso
Que posso eu escrever com esta indefinição?
Tento recordar... esforço-me por relembrar!
Um cheiro morno passa por meu nariz
Um sol quente aquece a minha face branca
Sinto-me a ganhar cor e a ficar com calor
Dispo instintivamente o casaquinho que trago
Sinto a brisa que brincava com meus cabelos
E, agora, vejo o verde da relva nos meus pés
Estou descalça e ela é macia e faz cócegas
E as flores dão cor a esta tela de sensações
Decido sentar-me nesta almofada natural
Banhada por esta luz suave e, agora, morna
Fecho os olhos, mole por todo este descanso
Passo os dedos pelas pétalas e pela relva
Sinto-me a subir...levada pela brisa morna
Deitada, com a cabeça nos braços recolhidos
Abro os olhos e vejo as nuvens de algodão
Sinto-me calma naquela imensa suavidade
Sinto-me a pairar sem o peso do corpo
Que fui obrigada a carregar quando nasci
Sinto-me, então, leve e livre de tentações
Deixo-me ir por onde me leva esta brisa
Não quero descer, não quero voltar
A terra já acho que conheço demasiado
O pó que me cega e me sufoca deixo-o lá
Lá em baixo onde a carne ficou sem mim
Agora sou só eu aqui neste ar diferente
Respiro um ar puro que nunca respirei
Não preciso beliscar-me, nem tocar-me
Sei que sou... Não é sonho...
Por isso, não receio acordar para a terra
Sei que estou desperta, mais que nunca
A anestesia do corpo deixei-a para trás
Sinto, agora, o despertar do espírito
Quero ir...
Não receio deixar tudo para trás
O mundo material em que vivi
O que me importa vem comigo
Vem em mim, faz parte de mim
Agora vou...
1 comentário:
Já te adicionei :)
Enviar um comentário