Hoje escrevo como quem realiza movimentos reflexos. Hoje não sei para quem escrevo, que há sempre alguém mesmo que não o saiba. Torno a escrever sem pensar. Sem planear, sem preparação, pressiono os meus dedos nas teclas (que já não posso dizer que pego na caneta porque não a há) e deixo que as palavras se formem à frente dos meus olhos. É belo, sabes? Falo contigo que talvez saiba quem és. Falo contigo porque afinal sei que me sabes. E falo contigo porque preciso mesmo muito de falar contigo. De extrair estas sensações por forma de desenhos em letras e dizer-te o que sinto cá dentro que varia como a noite e o dia. Por isso não me leves demasiado a sério, principalmente quando escrevo como quem realiza movimentos reflexos. Sabes que sou uma pessoa que se arrepende com facilidade. Tu conheces-me um pouco, sabes que isso é característico em mim por causa disso que tu sabes que eu não tenho muito, essa coisa que há quem chame de auto-estima. Mas a verdade é que se por vezes consigo afirmar isso como uma verdade muito certa para mim, no momento em que o faço duvido de toda essa certeza. Não sei como me sinto a maior parte das vezes e no entanto gabo-me de conseguir escrever sentimentos, emoções seja. Hoje escrevo como quem lê um texto sem perceber o que leu e isto é tão ridículo que não consigo impedi-lo de tão ridículo que é. Que por ser tão ridículo sinto-me liberta e sinto que preciso desta estupidez toda. Não será bem estupidez, porque o ridículo e o estúpido não são bem a mesma coisa. De qualquer das formas isto não interessa, se é que interessa alguma das coisas que escrevo. Escrevo simplesmente porque a música que ouço me inspira para isso. E a inspiração não tem propriamente de criar bons textos, escrita bonita, leitura aprazível, sabes? A inspiração tem de criar bem-estar e neste momento doem-me as bochechas do sorriso que carrego nos lábios há tanto tempo. (acho que é uma óptima frase para terminar este texto.)