sábado, abril 21, 2007

Não ser, sendo

São os meus dentes. E a minha vontade de morder. Não me apaziguam. Revelam o que eu quero esconder e por isso me envergonho quando não resisto. Envergonho-me porque não quero ser quem afinal sou por julgar que os outros vão desgostar e julgar despropositado ou até mesmo incoerente.
Nos meus dentes está depositada grande parte da minha raiva e por isso mordo, com toda a força, com toda a convicção, com toda a mágoa e desejo. Gosto quando os dentes espetam a carne e ferem e sabem ferir. Sabe-lhes bem e eu não os controlo, por isso tenho a boca e os lábios cortados, marco os dedos, as mãos e os braços e doem-me os maxilares.
Existe tensão, existem conversas inexistentes, existe mágoa, existe uma mente saturada e um coração ignorado. Existe necessidade de explosão. Mas não expludo, então ranjo, mordo e sorrio.

[Incompleto?]

3 comentários:

João disse...

Se bem me lembro, acho que estás agora a passar pelo estádio Oral, segundo a teoria psicossexual do Freud.

Estou a dizer uma grande bacorada ou nem por isso, Drª?

Pequenina disse...

olha eu com uma marca na minha mão....

*

border disse...

vim parar ao teu blog completamente por acaso, fiquei a ler, e já me apeteceu comentar, no fundo, quase tudo. adorei este texto(!). gostei mesmo muito de te ler, sabe tão bem achar blogs interessantes ao acaso. beijo