sexta-feira, maio 05, 2006

Teatro

Regressei. Não definitivamente porque ainda não tenho internet em casa, pelo que, neste momento, me encontro na biblioteca da escola. Fiquei tocada pelos vossos comentários. São todos muito queridos e é bom saber que apesar da pasmaceira deste blog continuam a visitar-me. E, por isso, vos agradeço.

Este é o único texto completo que escrevi nos últimos meses e que é mais que um aglomerado de frases. É um texto que nasceu da vontade de cumprir um pedido da professora da aula de Oficina de Expressão Dramática que nos convidou a encarnar uma personalidade conhecida e a escrever por ela uma definição de teatro e, afinal, serviu também de pretexto para me lançar nas malhas da escrita, novamente.





Uma cidade de um país de um continente, do dia X do mês Y do ano Z

Queridos irmãos galácticos!

Durante e após 13 anos de infiltração neste vosso planeta Terra percebi e conclui, com certeza, que o teatro é um método importantíssimo no processo de socialização entre vós.
Como seres sociais que sois, demonstrais uma grande necessidade de vos integrardes em grupos e de não vos sentirdes excluídos, pelo que fazeis uso de várias artimanhas, de modo a serdes bem sucedidos nesse vosso propósito. Por isso, representais. Representais das mais variadas formas sem nunca perderdes, no entanto, a identidade que vos torna diferentes e únicos. Encarnais as mais variadas personagens e o que me causa maior espanto é nem vos aperceberdes que o fazeis. Por isso, sois o filho ou a filha quando estais com os pais, sois o trabalhador ou o aluno para os colegas e o trabalhador ou o aluno para o patrão ou para o professor, sois alguém em grupo, sois alguém em privado com outra pessoa e sois ainda outra pessoa quando estais sozinhos.
Como vedes, sem o teatro a vossa vida perderia o significado, vós perderíeis a vossa identidade e perderíeis a noção dos outros e do vosso papel para com os outros. Como vedes, o teatro não é a mentira, é a capacidade de poderdes ser outros, é a capacidade de vos camuflardes a vosso bel-prazer sem , no entanto, deixardes de ser quem sois, ainda que não saibais quem verdadeiramente sois. Podeis dizer que as personagens que representais escondem o vosso verdadeiro "eu", mas também podeis dizer que as personagens que representais constroem o vosso verdadeiro "eu"e fazem de vós o que verdadeiramente sois: actores do mais íntimo da vida que existe em vós.


Respeitosamente,
o Extra-Terrestre





28 de Abril de 2006

6 comentários:

Anónimo disse...

Olá é bom ter-te d volta mesmo que so por pouco tempo :)

Gostei deste texto faz-me lembrar algo que já vi não sei onde... talvez uma peça de teatro ;P

Beijinho *

João disse...

Olha TU!!! :)

Se o problema é esse, eu deixo-te vir à minha casinha para postares mais textos tá? =P

Gostei da parte do "encarnar uma personagem conhecida" e depois assinas com "O Extra-Terrestre" LOL

O verdinho fala num tempo verbal muito à frente..
Podia ter acrescentado: "Sois o blogger quando escreveis o que não podeis ser lá fora"

:)

Unknown disse...

Eu acho que para vivermos em sociedade temos que ser minimamente flexíveis, i.e, devemos agir de maneira diferente com cada pessoa, sem que isso signifique que percamos a nossa identidade, ou que queiramos enganar os outros. Se não o fizermos, é cada um na sua. Não há diálogo possível...

Assim, absolutamente de acordo: "o teatro não é a mentira, é a capacidade de poderdes ser outros, é a capacidade de vos camuflardes a vosso bel-prazer sem, no entanto, deixardes de ser quem sois".

:*

Miguel disse...

sempre presentes! :]

um beijo, ao teu regresso..

*

João disse...

Esse teu regresso foi só para enganar, não foi?

pois..

Synne Soprana disse...

Humm...