segunda-feira, novembro 08, 2004

Não sou eu

Olho-me ao espelho, mas não me vejo; aquele corpo não me pertence... Nada do que vejo é meu e muito menos eu. Não me identifico com o corpo nem com o nome. Chamam-me, mas não olho. Não é por mim que chamam, chamam por um nome. Não me expresso pelas mãos que tanto adoro ou pelos olhos que misteriosamente aprecio. Nada do que mostro sou; nada do que sou mostro. Vivo uma fantasia perturbada, vagueando por caminhos que finjo conhecer. Sinto-me cheia do vazio, pois engano-me a cada momento com ilusões planeadas e passos em falso. Tudo são cenas em palco e nada é real. Tudo é artificial e nada é real. Aqui tudo é efémero e nada me pertence. Afundo-me em papéis e pensamentos...Sufoco com lágrimas secas e sorrisos apagados...Perco-me nos lençóis do meu ser e nas palavras da minha vida...Complico o simples, mas ainda assim tento compreender o complicado. Minhas mãos murcham as flores, meu olhar esfaqueia as peles... Sinto-me a cair, mas continuo em palco. Sinto-me a fugir, mas encontro-me presa por amarras ténues que não sou capaz de quebrar. Sinto-me morrer, mas existo sem o corpo.

1 comentário:

Anónimo disse...

é incrivel como eu me revejo nessas palavras...tudo o k eu já senti e coisas k ainda faço como complicar o simples e temer entender o complicado...tens k te encontrar...tens k te conhecer...ver-te..sentir.te...existir.. beijo grande linda ******