quinta-feira, janeiro 31, 2008

One night she said

Eu sei que não me mereces, mas eu quero ser tua. Quero que me possuas. Que enchas o meu corpo das tuas mãos. Que me enchas os ouvidos com doce e me deixes no olhar essa meiguice toda.
Deixa-me ser tua. Deixa-me gostar de ti como quero. Mas não me faças chorar. Estou tão cansada de estar triste. (...)
Que saudades, meu... nada meu. Tuas. Que saudades de ti. (...)
Preciso da emoção do teu abraço. Encontra-te comigo. Encontra-te em mim.
Não mais te quero esquecer.
Adoro-te.

C.



[Cheira-me que este blogue terá (já está a ter) um rumo que nunca teve. Nunca tive intenção de escrever textos com este teor e muito menos de os publicar num blogue. Julgava demasiado banal e nada a ver comigo. Porém, o que me apetece escrever é isto. Histórias, personagens, emoções. Apetece-me inventar o mundo em palavras doces e amargas sobre um tema banal, algo comum de todos os dias e de todas as pessoas. Apetece-me narrar e estou a gostar.]

terça-feira, janeiro 29, 2008

Next!

Acabei de ler "Um Beijo da Alma" de Shay Youngblood. Comecei a lê-lo relativamente há pouco tempo. E tendo em conta que tenho encostado os últimos livros que tentei ler quando chego ao terceiro capítulo, fiquei extasiada por ter conseguido ler um livro inteiro e em tão pouco tempo (não sei quanto mas para o que é costume fico orgulhosa).
Não vos vou falar do livro que li se é com isso que contam. O que eu quero dizer é que com tal entusiasmo penso ter começado a recuperar o meu ritmo de leitura. O meu... o que penso ser o meu ritmo que quando era criança é que lia bastante, depois não sei o que se passou nesta minha jornada que deixei ficar os livros nas prateleiras.
Não quero criar expectativas. Da última vez que julguei ter apanhado esse ritmo tão desejado vi a minha lista de livros por ler ficar igual com o passar dos meses. Assim, vou lendo enquanto ler for a minha vontade.



Caminho a passo acelerado, como sempre, da cozinha para a sala em direcção ao meu quarto. Detenho-me antes do corredor e vou antes à biblioteca cá de casa. Acendo umas quantas luzes para uma boa visibilidade, sento-me no chão e procuro um novo livro. Outro conjunto de folhas envolto numa capa que me permita continuar o meu ritmo, que me cative os sentidos num mundo que não é o meu e o é ao mesmo tempo. Continuo envolta naquela sensação tão boa que é a de vir deliciada de um mundo de palavras de outra pessoa que é tão nosso. E por isso sinto-me tão determinada e motivada a começar a descobrir novas personagens, novos mundos, novas palavras.
Começo por ler os títulos das lombadas. Aqueles que prendem a atenção são retirados das prateleiras e guardados, por momentos, na minha mão. Continuo a ler algumas lombadas e decido-me a ler o resumo do que já escolhi. Um romance policial. O título, curiosamente, o nick de alguém que pensei conhecer. Parece-me bem. Nunca satisfeita com uma primeira escolha sem saber o que mais pode haver, continuo a descobrir mais alguns. Margarida Rebelo Pinto. Autora muito falada. Autora que muito publica. "Nunca li nada dela". Ainda com "Postmortem" de Patricia D. Cornwell na mão, retiro do seu aconchego "Não Há Coincidências". O resumo parece-me interessante. Guardo o outro. Pego em mais um com o segundo a substituir o lugar do primeiro na minha mão. "Sei lá". O resumo não me cativa tanto, pelo menos naquele momento. Há mais um que não peguei porque não gostei do título, mas é o único que resta dela, e já agora. "Alma de Pássaro". Nas costas uma imagem do rosto da autora preenche todo o espaço. O resumo está numa dobra da parte da frente da capa.

Apaixono-me pelas poucas palavras que o resumo deixa revelar do livro. Há tanto ali que quero saber. Há tanta coisa que me bate na pele, nos olhos, no coração. Há uma certeza de aquele livro tem de ser lido agora, nesta altura.
É que há coisas que aparecem no momento certo. Um olhar mais atento e somos capazes de as identificar. E eu pisco-vos o olho e deixo as palavras que me cativaram.

"Acordo todas as manhãs com este zumbido e a certeza de que não vais voltar. Cansada de me convencer que, apesar e acima do teu individualismo, estava a tal inevitabilidade a que nos submetemos e chamamos amor, pensei que, com todo o amor que sentia por ti, te iria suavizar e de alguma forma fazer parte do teu equilíbrio, tornando-me subtilmente indispensável. Helàs.
Nunca pensei enganar-me tanto. Mas só agora percebo que o teu amor por mim não foi uma inevitabilidade, mas uma escolha. Alguém que te chamou a atenção e que, um dia, decidiste que querias atravessar, com a intuição certeira de um animal selvagem que procura refúgio temporário, quando está cansado. Sei que não vinhas a fugir de nada, nem à procura de coisa nenhuma. Mas acho que, quando eras pequeno, te arrancaram uma parte de ti, e desde então ficaste incompleto e perdeste, quem sabe talvez para sempre, a capacidade de adormecer nos braços de alguém sem que penses no perigo de ficar na armadilha do carinho para todo o sempre."