"És tão linda que nem dás vontade de foder, dizia. Eu não consigo. Dizia outras coisas, grande parte perde-se no ar, mas algumas, poucas, raras, ficam guardadas e voltam de vez em quando, nas alturas mais despropositadas, atrapalhando o que se está a fazer. És tão linda que nem te consigo foder. Eu, pelo menos, não consigo. A beleza não seduz, assusta quase, leva-nos para um sítio que não sabemos onde fica, sabemos só que não é aqui. Era assim que ele tentava explicar, como quem precisa de uma desculpa, o que lhe estava a acontecer, sabendo de antemão que não ia conseguir. Se há coisa que não se sabe explicar é por que se gosta do que quer que seja - um perfume, uma flor, um beijo - e o que seja isso de gostar que traz duas coisas tão próximas que as põe misturadas numa só e as outras tão distantes que se apagam facilmente. (...)"
"Todas as feridas serão material de poemas. Portanto não devem ser evitadas. De preferência mantê-las abertas, até por fim sararem. De outro modo não deixarão outra cicatriz que não seja umas linhas, uma página, no máximo. (...)"
Pedro Paixão
"Todas as feridas serão material de poemas. Portanto não devem ser evitadas. De preferência mantê-las abertas, até por fim sararem. De outro modo não deixarão outra cicatriz que não seja umas linhas, uma página, no máximo. (...)"
Pedro Paixão