Esta foi uma resposta a um post do Blog Luz e Sombra que pedia 10 coisas sobre nós próprios e, como tenho andado "seca" de ideias, achei que isto vos pudesse interessar; sempre é um bocadinho mais de mim.
1.Fisicamente. Há duas coisas que gosto especialmente em mim: os meus olhos e os meus sinais. Os olhos, apesar de serem comummente castanhos, são grandes e fascinam-me pela sua vivacidade de expressão, pelo brilho das emoções e pela sua mobilidade observadora. Os sinais são, para mim, marcas de identificação pessoais e adoro cada um deles em mim (não são poucos).
Nos outros, perco-me apaixonadamente nas mãos e nos sorrisos. Adoro mãos finas de dedos compridos, as mãos ágeis e delicadas. Os sorrisos se forem alegres e sobretudo sinceros, enfeitiçam-me por completo, indescritível. Adoro também cabelos compridos e lisos (não fosse o meu assim); a minha mãe bem insistiu, quando eu era pequena, em cortá-lo pequenino (à tigela), mas não adiantou, a minha fixação “falou” mais alto.
2. Desorganizada. Sou muito desorganizada mentalmente e isso verifica-se depois nas pequenas coisas diárias. É aborrecido porque me esqueço, muito facilmente, de várias coisas, como compromissos, aniversários, tarefas, planos e afins… e também na própria escrita, em que o pensamento é muito mais rápido que a mão, as ideias perdem-se na confusão e os parágrafos, muitas vezes, ficam incompletos. Isso faz-me sentir sempre um pouco perdida e, consequentemente, frustrada por nunca encontrar algo que se assemelhe a um Norte.
3. Monotonia. Posso muito bem usar o verbo “detestar” sem hesitação porque detesto, mesmo (!), a monotonia. Deixa-me doente psicologicamente. Repetições, rotina são me embaraços. Preciso de ver, ouvir, fazer coisas diferentes quase constantemente. Para mim a vida tem que ser aproveitada e a monotonia anula esse possível proveito.
4. Sem pontualidade. Vergonhosamente, chego atrasada a todo lado. Não tenho a mínima noção do tempo, por isso não consigo controlar o tempo e as minhas tarefas, chegando atrasada a qualquer lado. Acho que se chega a tornar uma deficiência porque eu não consigo mesmo ter noção, quando penso que 10 minutos chegam, afinal eram preciso 15 ou 20 e nunca aprendo.
5. Preguiçosa. Demasiado preguiçosa! Qualquer espécie de iniciativa ou vontade própria são aniquiladas sem piedade nenhuma. Tão preguiçosa que chego a ser apática. A minha posição favorita é deitada e qualquer oportunidade que tenha para deitar a cabeça é, imediatamente aproveitada, como por exemplo, nas cadeiras ou mesas do café, ou até na mesa de jantar cá de casa ao fim da refeição. Por isso, uma das coisas que muito prezo, é dormir. É uma característica que choca bastante com a vontade asfixiante de querer fazer coisas novas e diferentes. Enfim… contradições.
6. Letras coloridas. Associo cores às letras e simpatizo com algumas e outras não. Alguns exemplos: para mim o “e” é amarelo e o “i” é vermelho; não gosto da letra “F” porque a acho antipática e feia, adoro as letras redondinhas, como o “B” e o “G” porque são amigáveis e fofinhas.
7. Música. Apercebi-me, recentemente, que é um vício ouvir música. Não ouvir música um dia inteiro é uma tortura, mas, felizmente, isso quase ou nunca acontece. Se não ouço música, tenho com certeza alguma na cabeça e chego a cantarolar inúmeras vezes, apesar da minha voz soar um pouco a “cana rachada”. A música para mim é o “background” da minha vida. Tal como os filmes têm sempre uma qualquer música a acompanhar cada cena, eu associo músicas a alturas da minha vida. A música é o embalo das minhas emoções; emociono-me conforme a música que estiver a ouvir ou escolho, delicadamente, as músicas de acordo com a minha disposição.
8. Escrita. Sufoco se não escrever. Chego a desesperar se estiver numa daquelas alturas em que preciso mesmo (!) de escrever e não consigo. A mão fica parada, a caneta escorrega pelos dedos, o papel continua em branco, os olhos vagueiam… não me há cenário interior mais agoniante. Como nunca converso com ninguém (excepto comigo própria) acerca dos meus sentimentos, tenho uma necessidade enorme de os despejar através das palavras escritas. Caso contrário, fica tudo entalado, sufocando a garganta e, às vezes, acabando em lágrimas.
9. Racional. Não sou uma pessoa muito emocional, a minha tendência é mesmo para o racional e como tal sufoco tudo que seja emoção ou sentimento, racionalizando a maior parte das coisas da melhor maneira possível. Fico deveras embaraçada quando vejo alguém chorar ou a falar de sentimentos abertamente. Por isso, evito situações demasiado delicadas nesse aspecto porque nunca sei o que fazer ou dizer. Penso que todas as pessoas que convivem comigo têm noção disso e por isso, sabem que não me conhecem muito bem, pois nunca conto nada de mim, a não ser coisas banais do quotidiano.
10. Teatro. Em pequena, quando exploramos desejos de ter diversas profissões, decidi, por último, que queria ser actriz. Entretanto, o tempo passa, uma pessoa aprende que há coisas que não podem passar de sonhos e que até são absurdas, esquece-se, até que escolhi Humanidades para o 10º ano e no 11º tive O.E.D. (Oficina da Expressão Dramática), o que fez com que o desejo voltasse. Adorei a experiência. Passaria tempos infinitos naquelas aulas e até me cheguei a inscrever num workshop de teatro leccionado pela companhia de teatro de Barcelos – Capoeira – que, por sua vez, também foi uma experiência muito proveitosa. Com este desejo crescente e fortificado, espero entrar na esmae, no Porto, daqui a um ano e licenciar-me em Teatro.