quinta-feira, abril 07, 2011

quarta-feira, março 30, 2011

Podia ser sonambulismo

Hoje já é muito tarde.

Hoje, quando tenho todos os motivos para isso, não me apetece um cigarro.
Eu não gosto de cigarros. E não sei por que gostaria de ter fumado.
Há alturas em que pensar no cigarro enjoa-me.

Hoje não me apetece um cigarro.

Nem sei bem o que me apetece... Não sei o que me apetece hoje ou amanhã ou no dia a seguir. Nem queria ter de pensar nisso. E na verdade não é uma obrigação. Não TENHO de pensar no que me apetece amanhã. Mas dava jeito que soubesse o que fazer hoje, agora. Só para não ficar mergulhada... nisto.

Como é que eu conseguiria pensar no final da semana se não sei o que fazer com o dia de hoje? Sejamos mais rigorosos: com o agora.

Eu sei o que tenho de fazer. Sei quais são as obrigações que a minha vida actual me impõe. Mas... não me apetece.

E já não sei o que escrevo. São 3 da manhã e o único motivo por que estou aqui é porque não quero dormir. Não quero adormecer.

Mas estou cansada e dava jeito parar de pensar por uns momentos, se bem que não é o sono que me vai ajudar a conseguir isso.

Na verdade, estou muito bem. Só me apeteceu dar cá um salto por causa do copo de vinho.

sábado, novembro 20, 2010

É o que me apetece

Apetece-me pintar o cabelo de vermelho. Sacar de um cigarro e fumá-lo na esplanada de um café. E apetece-me beber um café, com uma linha de fumo a dançar por cima da chávena que tem a marca dos meus lábios vermelhos gravado na beira com a gordura do meu bâton.
E apetece-me estar na esplanada de um café, num dia de chuva, mas sem chuva em mim e sem estar numa redoma. Não quero estar numa redoma. Não me apetece estar... não me apetece estar numa... não me apetece estar num... não sei, apetece-me sentir o vento entrar pela frincha do casaco onde falta o botão, pelo zona do pescoço que o cachecol não tapa, só para depois poder aconchegar-me. Apetece-me ter um livro aberto pousado na mesa, mas não me apetece lê-lo. Apetece-me ter um livro para ler, mas ignorá-lo para ver as pessoas passar.
São tão poucas as pessoas que passam. Talvez por estar a chover. Acho que está a chover. Eu não sinto as pingas, mas eu acho que está a chover. Está, está, olha a chuva a cair. Eu só sinto o vento. E o cheiro do café. Também não sinto o cheiro do cigarro, nem o sabor do cigarro. Quer dizer, eu tenho um sabor na boca, mas não é do cigarro. Ou se calhar é, mas este cigarro não sabe a cigarro. Este cigarro sabe bem. É um sabor fresco, mas não tão fresco que faça parecer a minha boca um pedaço de gelo. Quando o vento sopra, 'tás a ver? Como quando metes um rebuçado de mentol à boca e depois inspiras o ar pela boca, 'tás a ver? Não é assim. Não é esse fresco. É só fresco. Fresco bom. Mas depois há o café. E o café é quente e avolumado e macio. E não é amargo. O meu café não é amargo. Está bom assim.
Apetece-me que a cadeira onde estou sentada seja de metal. Aquele metal de que são feitos os bancos de jardim antigos. Sabes quais são? E que fazem um barulho arrepiante a arrastar. A mesa da esplanada também é assim, faz conjunto com a cadeira. Mas não é desconfortável. Eu estou muito confortável, apesar de estar vento e de eu estar sentada numa cadeira de metal. Estou muito confortável. Estou bem aqui. Estou tão bem aqui. Só porque é o sítio que eu quero. Só porque não é o sítio onde estou agora. É aquele que eu quero. Feito à minha medida. Feito à medida do que eu quero. Com as coisas que eu quero, da maneira que eu as quero. Assim, como eu quero.

Sabe bem.

É meu.

Mais ninguém conhece.

Não há mais ninguém. Só aquelas pessoas que eu quero que estejam. E são aquelas pessoas que não sabem quem eu sou. E eu também não sei quem elas são. São os estranhos que passam na rua e que sabe bem observar enquanto estamos sentados numa esplanada a beber um café, a fumar um cigarro e a fingir que lemos um livro.

sábado, outubro 09, 2010

segunda-feira, julho 26, 2010

Rascunho de uma crítica

Ora bem, Inception podia ser um grande filme. Tem uma ideia excelente (com algumas influências de Matrix), o Leonardo Dicaprio desempenha um bom papel, mas há muito que deixa a desejar, pelo menos a mim. O filme está de tal forma estruturado que dá a entender que quiseram compactar todo um universo em 2h e por isso o filme parece andar a 300 à hora! A velocidade é tal que não há espaço para respirar ou sequer para questionar o que nos é apresentado. Isto podia ter sido, mais ou menos, contornado se não houvesse determinadas cenas iniciais que não acrescentaram nada ao filme nem às personagens (ex. o "desaparecimento" do arquitecto inicial). As relações entre as personagens não foram muito pensadas, em particular a de Dicaprio com Ellen Page; há todo uma intimidade vinda não se sabe bem de onde. No entanto, devo realçar que a relação entre Dicaprio e Marion Cotillard está muito bem construída, principalmente por terem de demonstrar um grau de intimidade logo muito elevado no início do filme. Como disse, a ideia é muito interessante; há pormenores relativos ao tema também muito interessantes com os quais, eu própria me identifico quando sonho; mas, na minha opinião, o tema é muito mal explorado, ou se é explorado, a rapidez a que o filme passa não permite perceber isso. Um filme com uma ideia tão complexa deveria ter-se focado mais na explicação, o que não aconteceu, e deveria, principalmente, focar-se mais nos detalhes, como por ex. a questão da memória, muito pouco abordada. O fim do filme, com o intuito de criar alguma dúvida no público, falha; exactamente por causa dos pormenores.

segunda-feira, maio 31, 2010

sábado, janeiro 30, 2010

Fuck you!

Fuck you. Fuck you. Fuck you! Fuck you everyone. Fuck you! Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you. Fuck you.

sábado, maio 09, 2009

As pessoas não lidam muito bem com a ausência de modéstia. E preferem-na, mesmo que seja falsa modéstia. Não gostam de pessoas realistas. Como se o realismo fosse defeito, e devêssemos, para conveniência de todos, oscilar entre optimistas e pessimistas, para podermos ser os coitadinhos ou os idealistas. Agora realistas? Não... isso é demasiado... real. E as pessoas realistas são aborrecidas. As pessoas auto-conscientes. As pessoas auto-conscientes são aborrecidas. Pouco se lhes pode dizer sobre elas que elas já não saibam. E por isso não podemos dar numa de salvadores ou terapeutas porque os auto-conscientes, os realistas, já sabem o que lhes vamos dizer. E quando lhes dizemos algo que eles não conseguem aceitar, somos nós quem está errado porque eles sabem muito mais deles do que nós. Nós, pouco realistas, adoradores da falsa modéstia, nós sabemos-lhes pouco. Mas não é por isso que nos coibimos de dar palpites, fazer juízos, acusar e julgar. Porque nós, preguiçosos, que não nos damos ao trabalho de pensar em nós, julgamos que sabemos muita coisa e não queremos crer que existem pessoas realistas que por o serem, não são arrogantes, são só mais interessantes que nós, e irritamo-nos quando nos apercebemos inúteis, ainda que não tenhamos bem a certeza do que nos irrita nem que somos, de facto, inúteis.

08 Maio 2009

sexta-feira, maio 01, 2009

Vão todos p'ro caralho!

Como se o sofrimento fosse desculpa para sermos o que somos.


E será? Eu costumo acreditar que sim.

Se não acreditasse nisso, não podia acreditar que não existem más pessoas.

Mas se Deus nos criou, simples e ignorantes, como viemos nós ter aqui? Por que é o caminho do mal o primeiro a ser escolhido e só mais tarde o caminho do bem? Por que é que conforme evoluímos, vamos para o bem? Ou seja, por que partimos do mal?

Isto leva-me a crer que o mal é necessário. Seja lá o que o mal for.

É que também acredito que não há injustiça. Que tudo existe da forma como deveria existir. Que umas coisas impulsionam outras e vivemos todos numa grande roldana, aliás fazemos parte dela.

Assim sendo, o que é o mal?

Se não há injustiça, também não há justiça. O que me leva àquela velha questão da unidade e da dualidade. Estamos em direcção à unidade? Tal como partimos do mal para o bem, partimos da dualidade para a unidade?

Mas se não acredito em injustiça e portanto também não acredito em justiça, não haverá dualidade. A não haver dualidade, embora nos continue a parecer que sim, não será tudo isto uma ilusão?

Só não conseguimos ver o grande plano, não é? Como peixes dentro de água que não sabem que estão dentro de água nem o que ela é.

Não sei se sempre achei isto, mas a melhor perspectiva há de ser aquela em que conseguimos ver as coisas do “lado de fora”. Se formos peixes dentro de um aquário, como poderemos ver as coisas desse prisma?

E isto leva-me à, também velha, conclusão: somos apenas ser humanos. E embora pareça muito, é tão pouco.

Não é fatalismo, porque também acredito que não ficamos por aqui. De facto, eu não sou um ser humano, eu vou sendo um ser humano. Até ao dia, ao momento, à altura, em que não precise de o ser. Até à altura... Já não sei o que escrevo.

 

A verdade é que quando apanhamos com um vaso em cima, ficamos mais atentos, pensamos melhor, ficamos mais fortes. E por isso digo sem pudor que me apetece mandar alguém p’ro caralho. Porque ainda sou humana e ninguém sabe o que me vai cá dentro. Sendo ou não cliché esta frase, ninguém conhece as entranhas de ninguém e por isso não me venham com conclusões e definições e juízos. Vão pr’o caralho aqueles que julgam que me conhecem, aqueles que ousam opinar sobre a forma como penso a vida com a arrogância dos ignorantes. Vão pr’o caralho hoje porque hoje sou ainda mais humana porque apanhei com um vaso em cima e o meu ego dói. Vão pr’o caralho porque só vos mandando pr’o caralho é que me sinto melhor, só vos mandando pr’o caralho... Que os ignorantes não sabem e por isso não os podemos mandar pr’o caralho.

 

O que eu queria mesmo era escrever um livro.

E que o peito deixasse de doer para eu poder dormir.
15 Fevereiro 2009

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Desculpas

Tenho o mau hábito de desistir das coisas antes de tentar, antes de poder dizer que dei o que tinha, que fiz o que pude. Normalmente, não me permito chegar à etapa em que posso ter falhado, mesmo dando o meu máximo. Deixo-me ficar pelos degraus mais baixos para poder ter uma desculpa para não ter atingido o êxito. Quanto mais penso nisso, mais me apercebo que ajo sempre por precaução, fujo ao risco, ao perigo, à coragem. Sou uma vítima de mim mesma e sinto-me confortável nessa posição porque não dá trabalho. Será que não vou mais além com medo de não ser capaz? Será mesmo essa a minha estratégia? Guardar-me na crença de que sou melhor, de que consigo mais, mas que apenas não o demonstro porque não me esforço?

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Questão

Por que razão se confunde tanto amor com sexo, se um é um sentimento e o outro é um acto?

sábado, setembro 20, 2008

Porque sabe bem ouvir de madrugada



I could stay awake just to hear you breathing
Watch you smile while you are sleeping
While youre far away dreaming
I could spend my life in this sweet surrender
I could stay lost in this moment forever
Every moment spent with you is a moment I treasure

Dont want to close my eyes
I dont want to fall asleep
Cause Id miss you baby
And I dont want to miss a thing
Cause even when I dream of you
The sweetest dream will never do
Id still miss you baby
And I dont want to miss a thing

Lying close to you feeling your heart beating
And Im wondering what youre dreaming
Wondering if its me youre seeing
Then I kiss your eyes
And thank God were together
I just want to stay with you in this moment forever
Forever and ever

Dont want to close my eyes
I dont want to fall asleep
Cause Id miss you baby
And I dont want to miss a thing
Cause even when I dream of you
The sweetest dream will never do
Id still miss you baby
And I dont want to miss a thing

I dont want to miss one smile
I dont want to miss one kiss
I just want to be with you
Right here with you, just like this
I just want to hold you close
Feel your heart so close to mine
And just stay here in this moment
For all the rest of time

Dont want to close my eyes
I dont want to fall asleep
Cause Id miss you baby
And I dont want to miss a thing
Cause even when I dream of you
The sweetest dream will never do
Id still miss you baby
And I dont want to miss a thing

Dont want to close my eyes
I dont want to fall asleep
I dont want to miss a thing

Aerosmith - I Don't Want to Miss a Thing

sábado, agosto 16, 2008

Título por definir (Parte I)



Mais um gole.
O copo não parava na mesa um minuto. Não gostava de vinho, mas aquele até nem era muito mau. Não era a única. A maioria dos copos erguiam-se no ar em brindes e patetices corriqueiras. Havia vinho nas toalhas das mesas, nas camisolas, no chão, nas bocas... Havia tanta gente.

Eu saçaricava de uma mesa para outra. Havia tanta gente. Todos espalhados. Tantas mesas. Tantos copos. Sorria muito, falava muito, demais, como de costume. “Tenho de deixar de ser tão desbocada” e lá saía mais uma intimidade que ficava bem do lado de dentro da boca. O discernimento já ia longe. Mais umas piadas, mais uns copos, mais uns abraços, uns sorrisos, umas patacoadas. Muita gente. Só vozes. Todos conversam e riem. Mais vinho. Só garrafas... vazias. E os empregados em pressa, com os seus carrinhos, em aceleradas corridas por entre as tantas pessoas descoordenadas. Os pratos são levados. (Houve sobremesa?) Já são poucos os que estão sentados. (Há alguém sentado?) O que vale é que o restaurante é grande e os espelhos na parede, junto à entrada, não permitem a sensação, por vezes claustrofóbica, de se estar no meio de tanta gente.

De repente, estamos na casa-de-banho, depois de sentados a uma mesa que não a nossa, a conversar sobre mais patetices, sabe-se lá sobre o quê. Há tanta gente! Até na casa-de-banho há muita gente. Rapazes na das raparigas. Está tudo misturado. Fui à casa-de-banho, mas não queria “ir à casa-de-banho”. Devo-me ter guiado pelas vozes. Gosto de estar onde estão as pessoas, nestas alturas. Tanto riso! Dá-me vontade de rir só de olhar este festival. Os copos continuam nas mãos. A casa-de-banho não é pretexto para abandonar o copo na mesa. O meu... (onde está o meu copo?). As minhas mãos estão livres e eu gesticulo muito quando falo. Gesticulo sempre muito quando falo. Tanta gente conhecida. A Clarice apoia-se no meu ombro e ri. O Mário fala connosco (que somos mais que eu e a Clarice) sentado em cima de uma das sanitas com a porta aberta. Felizmente está só sentado. (de que se fala?) A certo ponto, incomoda-me tanta gente num espaço fechado e tão pequeno. Saio um pouco para tentar perceber se a mesma confusão se passa do lado masculino. Nem por isso. A confusão começa entre as duas portas e acaba do lado de dentro da nossa. E eis que mais alguém conhecido aparece.