terça-feira, fevereiro 19, 2008

sábado, fevereiro 16, 2008

enquanto não estás

Tenho o teu cheiro na minha pele. O teu hálito na minha boca. A tua voz na minha cabeça. E o teu corpo ao meu lado.
Concentro-me em ti. Reparo nos mais pequenos detalhes, agora que me concentro só em ti.


Tens um sinal no canto do olho. Eu já o sabia, mas gosto de o descobrir várias vezes. E o teu cabelo só encaracola nas pontas. (ainda há-de ficar liso?)
Tens o ar mais sereno a dormir que já vi, sabias? Nem pareces a pessoa racional que és. És doce enquanto dormes. E não te podes defender nesse sono. Estás exposto.
Deixa-te estar. És bonito. Gosto de ti assim.


Tens tanto. Dás tanto sem querer.


Queria que ficasses assim a dormir. E eu ficava assim a mirar-te. Mas gosto tanto quando me olhas. E gosto tanto das nossas conversas.
Deixa-te estar. Eu espero. Gosto de ti das duas maneiras.


Sabe-me tão bem.
Apetecia-me beijar-te a testa. Mas não quero acordar-te. Dorme. Descansa que os dias são duros. Aproveita essa paz do sono. Faz por dormires bem. Não é assim que dizem? “Dorme bem”. Então, vá.


Eu sei que não me ouves os pensamentos. Mas eu gosto de conversar contigo assim.Tu não sabes, mas eu estou em constante conversa contigo. As tuas respostas são imagens e sensações. Não há som. Nem palavras. Mas eu gosto.


Estou sempre contigo.


Às vezes gostava que me sentisses. Assim quando não estou por perto. Quando não me podes ver, nem me falas, nem sentes o meu cheiro, nem sabes as minhas palavras. Gostava que me sentisses em ti. Desta mesma forma que te guardo em mim.


Estás sempre comigo.


E sabe tão bem. Este calor que acompanha este carinho. Este carinho que me dá este sorriso. Gosto de te sentir assim. Sabe-me bem, caraças.


Deixa-te dormir. Ou acorda. Vive. Vive a tua vida. Eu guardo essa serenidade. Eu guardo-te em mim. Há de cá ficar essa doçura.
Sabe bem demais para deixar de ser algo e perder-se junto às outras memórias. Por isso há aqui um cantinho. Morno, seguro, protegido, lembrado.


És saboroso. Perco-te e acho-te nestes momentos. Momentos de um quarto cheio.

sábado, fevereiro 09, 2008

Espera e calor

Início: 05 de Março de 2007


Estavas à porta do nosso café. Sentado no chão com as pernas cruzadas. Esperavas por mim. Soube-o quando me lançaste aquele teu olhar maroto. Sabia que tinhas planos para essa noite. Todos os traços da tua expressão denunciavam uma surpresa iminente.


Desci os degraus do nosso café em direcção a ti com um sorriso colado na cara. Já sabias que eu o sabia e o desejava alegremente. Pegaste-me pela mão, fizeste-me rodar e observaste-me com um olhar guloso. Paraste o meu lanço, seguraste-me a cabeça e beijaste-me. Um longo e húmido beijo envolvido em tanta paixão que provocou olhares curiosos e surpresos nos restantes. Corei. Corei imenso! (Como sempre.) Agarrei-te o braço e obriguei-te a correr para fugirmos dali.


Chegados ao parque de estacionamento, onde estava o meu carro, recuperámos o fôlego e rimos. Soltámos altas gargalhadas feitos loucos. O riso fazia-nos bem. Libertava a tensão. A ansiedade. O nervosismo. A antecipação. Ambos sabíamos o que se seguia. E ambos o desejávamos ardentemente.


Tirei a chave da bolsa e dirigi-me à porta do carro para a abrir, quando tu me enlaçaste a cintura amavelmente e me obrigaste a dar-te as chaves. Prendeste-me contra o carro entre os teus braços e olhaste-me. Profundamente. Contemplaste o meu olhar apaixonado e envergonhado. Olhámo-nos por uns momentos em silêncio. E sorriste. Um sorriso aberto, sincero. Sorri de volta. E beijaste-me. Os teus braços em volta do meu corpo aproximavam-me de ti. O mais possível. Juntos. Muito juntos. Quase desconfortáveis. Amei-te. Desejei-te. Apaixonei-me uma e outra vez. Num só beijo. Nesse beijo. O segundo dessa noite. O mais longo. O menos envergonhado, pois ninguém nos interromperia com o seu olhar inquisidor. Arrepiei-me. Estremeci. E no entanto ardi de calor, de paixão. Desejavas-me. E a tua língua, os teus dentes, os teus lábios evidenciavam esse desejo.


Paraste. Nessa noite tu controlavas, meu rei, meu imperador. Paraste e beijaste-me a testa tão carinhosamente que não contive as lágrimas. A tua ausência fora demais. Um mês de separação. Apenas um mês. Mas um longo e doloroso mês. Faltaste-me. Abandonaste-me. Na pior das alturas.


Chorei. Chorei de saudade. Chorei de tristeza. E chorei ainda mais por saber que a tua ausência foi forçada. Contra a vontade de ambos. Chorei por saber que gostarias de estar presente. Por saber que sofreste porque eu sofri. Chorei por mim e por ti. E tu choraste comigo. Não falámos. Não falámos nem precisámos. As lágrimas, os olhares e o silêncio diziam tudo por nós. Melhor do que quaisquer palavras. E amámo-nos tanto nesse não-dizer que diz tudo.


Pegaste-me pela mão e levaste-me contigo. Não sabia onde me levavas. Como sempre, surpreendias-me e eu adorava. Adorava-te. Caminhámos. Caminhámos bastante e eu senti que era exactamente aquilo que eu precisava. (Precisávamos?) O ar fresco da noite lavava-me a cara. A nossa cara. Refrescava-me. Invadia-me uma sensação de leveza. O poder de qualquer brisa da noite. Elevava-me. Tudo nessa caminhada fascinava. O som das folhas secas debaixo dos nossos pés. O uivo dos cães nas varandas ou nos terraços dos muitos prédios da cidade. As vozes altas e a alegria de um grupo de amigos que passeava do outro lado da rua. O barulho do camião do lixo que recolhia as sacas colocadas à porta das casas. Tudo era belo porque tudo se passava nessa noite. Nesse noite em que te revi. Em que matei saudades. Em que te amei tanto, meu amor.


Parámos em frente ao teu prédio. Silêncio. Olhares e sorrisos cúmplices. Entrámos. Degrau após degrau, subimos devagar os lanços de escadas que nos separavam da tua casa. A euforia em nós dera lugar à calma. Já esperávamos tão pacientemente por este momento que era agradável prolongá-lo o máximo possível. Abriste a porta, não acendeste a luz e fomos directos ao teu quarto. Lá, ligaste o candeeiro da mesa-de-cabeceira. Não precisaríamos de muita luz, apesar da ausência ainda nos sabíamos de cor. Correste apenas os cortinados para que passasse alguma da luz da noite.


Eu já estava sentada na tua cama, descalça, sem casaco. Tu estavas de pé a olhar para mim. Tiraste a camisola, descalçaste-te e ajoelhaste-te, sentado, na cama em frente a mim. Puxaste o meu cabelo para trás dos ombros e das orelhas e observaste-me com aquele olhar meigo que é tão teu. Tornaste a puxar o cabelo todo para frente do meu corpo e, delicadamente, tiraste-me a camisola. O meu cabelo tapava os seios desprotegidos. Assim não estás nua, dizias tu muito baixo, quase de forma imperceptível. Estendi as minhas pernas para ti e tu despiste-me a saia muito lentamente, observando cada centímetro de pele. Esticaste-te e obedeci à tua ordem muda: desabotoei-te as calças, e tu desfizeste-te delas. Restava a pouca roupa interior nos nossos corpos, tu de boxers, eu de tanga. O meu cabelo solto sobre o corpo. O teu selvagem, no ar. Passaste as tuas mãos pelas curvas do meu corpo, acariciaste a minha pele, o meu cabelo, e deitaste-me, deitámo-nos, suavemente na cama, no teu edredão fofo.


Deitado sobre entre as minhas pernas tacteavas o meu corpo com a boca. Beijaste-me as mãos. As dobras dos braços. Os ombros. O pescoço. Beijaste-me docemente as pálpebras dos olhos. O nariz. O queixo. E enfim os teus lábios encontraram os meus e beijámo-nos. Beijámo-nos sofregamente como se nos quiséssemos possuir, como se aquele beijo contesse todas as palavras, todas as ideias, todas as emoções, como se partilhássemos entre nós toda a energia que nos molda. E de novo os teus beijos abraçaram o meu pescoço que se estendia em prazer e eis que a tua boca descobriu os meus seios. Desceste com a língua até ao umbigo e daí até ao íntimo do êxtase.

Inacabado.


[Não consigo. Tentei várias vezes. A parte que mais desejo saber descrever... e não consigo. E já não gosto como comecei. Quem quiser pode dar-lhe uma continuação.]

sábado, fevereiro 02, 2008

Alma de Pássaro

"E o homem certo para ti, se é que isso existe (...), é aquele para quem tu também fores a pessoa certa."

Margarida Rebelo Pinto

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

No perfect woman

Sei-o. Não quero ser a tua mulher perfeita. Não quero ser a tal. Porque não há pessoas ideais, há ideias de pessoas. E eu sou eu própria e não uma ideia tua. Não controlas o meu ser e por isso eu posso ser imprevisível. E não, não quero ser a tua ilusão porque não quero ser uma desilusão.

24 de Novembro de 2007